Manuel Galrinho Bento

Como tantos outros grandes futebolistas, Manuel Galrinho Bento nasceu no seio de uma família humilde. Seria o futebol a transformar a sua vida e o destino a que parecia condenado.



Início


Começou no modesto Riachense, clube de Riachos, mesmo ao lado da Golegã onde nasceu Bento. Cedo despertou a cobiça de outros emblemas e foi no Barreirense que prosseguiu durante 3 épocas a sua carreira, até que um olheiro do Benfica descobriu o seu talento e em 1972 consumou-se a transferência. Bento tinha então 24 anos.


Benfica


No Benfica ficaria ligado à história do futebol português ocupando mesmo um lugar de destaque. Começou por discutir o lugar com o titular da baliza da… Selecção. José Henrique era na altura o titular indiscutível da baliza do Benfica e da Selecção. Rapidamente Bento conseguiu ganhar a confiança do treinador Jimmy Hagan e durante 3 épocas alternou com José Henrique na titularidade da baliza encarnada. Apesar da sua não muito elevada estatura, uma grande rapidez e um tempo de reacção espantoso levaram-no à titularidade absoluta em 1976 com então 28 anos. Bento era então apelidado de “Homem de Borracha” devido às suas características defesas acrobáticas. No Benfica permaneceu 18 anos, espaço de tempo em que conquistou 8 campeonatos, 6 Taças de Portugal e 2 Supertaças. Esteve numa final da Taça UEFA ganha pelo Anderlecht e cometeu ainda a proeza de se ter mantido sem sofrer golos durante 1290 minutos consecutivos, repartidos pelos jogos do Benfica e da Selecção. Perdeu a titularidade para Silvino em 1986 após a grave lesão que contraiu no México ao serviço da Selecção, mas manteve-se no Benfica até 1990 ano em que abandonou o futebol com jogador, mantendo-se por várias épocas ainda como adjunto para os Guarda-Redes e mais tarde como técnico de formação no seu clube de sempre, o Benfica.



Selecção


Bento estreou-se na Selecção a 16 de Outubro de 1976 numa partida a contar para a fase de apuramento para a fase final do Campeonato do Mundo numa derrota no Porto por 0-2 frente à Polónia. Seria peça essencial na campanha do Euro 84 disputado em França onde nas meias-finais, frente à equipa anfitriã que contava com o génio de Platini entre outros, terá feito a sua melhor exibição de sempre, ainda hoje recordada em conversas de café um pouco por todo o país. O resultado no entanto foi uma derrota por 2-3 já nos instantes finais do prolongamento quando já toda a Europa fazia contas a uma final ibérica. Dois anos mais tarde, Bento e a equipa das Quinas haveriam de estar no Mundial do México, mas não sem antes ter de passar por uma prova de fogo frente à R.F.A num jogo disputado em Estugarda onde Bento e Carlos Manuel foram os heróis. Foi incrível como o Guarda-redes português conseguiu manter a baliza lusa inviolada durante os 90 minutos de massacre Germânico. Já no México as coisas foram diferentes. Conflito entre jogadores e Federação Portuguesa de Futebol devido a prémios de jogo marcaram toda a campanha. O ambiente não poderia ser o melhor. Em tempos de dificuldade se vê quem são os verdadeiros Homens e Bento saltou para a frente da “batalha” ao ser o principal porta-voz do descontentamento dos jogadores. Debalde. Não só Portugal não passou da 1ª fase como ainda foram os últimos jogos com a camisola das quinas para muitos dos jogadores presentes uma vez que a maior parte deles renunciaram à Selecção no fim do Mundial. Para Bento, o então Capitão da Selecção, estava reservado o pior: Num dia negro para o Guarda-redes, Bento fracturou um pé num treino e foi o adeus definitivo ao Mundial e à Selecção. Bento contava então com 63 internacionalizações.

Das muitas peripécias que se contam acerca de Bento, uma das mais conhecidas tem a ver com um Jogo em Moscovo. Jogava-se o apuramento para o Europeu de 84 e Portugal foi humilhado na Rússia por 0-5. No regresso, e após muitas críticas ao seu desempenho, Bento desculpou-se com as más condições oferecidas na Rússia aos jogadores. Segundo ele a comida não prestava e nem sequer tinham fruta. Horas depois, à porta da sua casa no Barreiro foram atiradas várias peças de fruta assim como fardos de palha.


Manuel Galrinho Bento faleceu inesperadamente dia 1 de Março de 2007 vítima de ataque cardíaco. A sua memória não mais será esquecida pelos companheiros, adversários ou simples apreciadores de futebol como um dos melhores Guarda-redes portugueses de todos os tempos.


Autor: Xabregas

6 comentários:

Fernando Alvega disse...

O porque da omissão que o jogador antes de ir para o Benfica esteve no Sporting(treinou nos juniores) e só lá não ficou por ter tido uma desavença com um director do clube Leonino.

Regressou ao Barreirense e só mais tarde ingressou no Benfica.

Se vamos falar das antigas glórias e faz-se muito bem em falar porque muitos não viram actuar grandes jogadores que passaram pelo futebol Português, então que se conte toda a história e a verdade sobre os atletas em causa.

Mas no entanto parabens por esta iniciativa.

triogalatico disse...

Boa tarde Polo, certamente que esse facto escapou ao autor Xabregas.

Cumps

Fernando Alvega disse...

Diga-me lá o que escapou ao Xabregas.

Antonio disse...

O que disseste no teu comentário inicial?!

Joao disse...

Vitor Baia!!!!

Jony

SDMF disse...

Grande guarda-redes, a par de Damas e Baía são os 3 melhores GR de sempre do futebol Português, para a historia fica aquela exibição simplesmente divinal contra a França no Europeu de 84.

Beto(do FCP) faz-me lembrar Bento na forma de defender, muito elástico e ambos GR baixos, Bento tinha 1.74, 1.74 de muita classe diga-se.

Cumps

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