A inconsequência paga-se caro e, se nesta análise se falará muito pouco do Leira é porque, de facto, a equipa Leiriense fez muito pouco que seja digno de registo.
Pressão? Desconhece-se o conceito.
Sem Sapunaru nem Belluschi, mas com Fucile e Ruben Micael, o Porto apresentou-se na sua forma habitual com o 4x3x3 que tem priveligiado desde o início de campeonato.
Obrigado a ganhar, para manter a distância pontual para o Campeão Nacional, Benfica, que tinha ganho na véspera, o Porto entrou à Porto versão 2010/2011. Com um ritmo muito forte desde início, muito pressionante, com muita posse de bola (uma das imagens de marca que mais diferencia este Porto dos de Jesualdo Ferreira) e acelerações constantes no último terço do terreno.
Hulk esmaga ... e esmaga mesmo.
Aos 13 minutos o Leiria já tinha passado duas vezes por (grandes) calafrios.
A primeira num brilhante trabalho de Falcao após passe de Hulk, a culminar com um remate colocadíssimo ... ao poste. A segunda, novamente a passe do Incrível, quando Varela numa diagonal aparece isolado na área e atira para (grande) defesa de Gottardi.
Tentemos ao contário.
Depois de dois passes para duas jogadas perigosas, Hulk decidiu que era altura de trocar de papéis e tentar desbloquear a situação.
Aos 14 minutos, depois de uma recuperação rápida, o internacional Brasileiro finaliza com um chapéu de classe após magnífica assistência de Ruben.
5 minutos depois, numa altura em que o Leiria até estava a conseguir o maior período de tempo no meio campo do Porto: recuperação de bola, Hulk mete comprido, Falcao segura, temporiza e vê o Brasileiro a aparecer desmarcado na direita para onde devolve a bola. 2 - 0, o Incrível bisa e o Porto podia descansar cedo.
Nada mais errado. Sem tirar o pé do acelerador duas jogadas de perigo logo de seguida. Primeiro uma falta para penalty sobre Varela e umas jogadas mais à frente aparece Moutinho a tentar um golo fantástico depois de um pormenor delicioso sobre um defesa contrário.
O Leiria desde cedo mostrou que não tinha capacidade para suster a pressão azul e branca e apresentou-se completamente inconsequente.
Ao contrário, os azuis-e-brancos não tiraram o pé e aos 36 minutos, depois de uma falta sobre Moutinho, que o internacional Português cobra rapidamente, Varela recebe dentro da área para fazer o que sabe melhor. Depois de deixar o capitão Leiriense, Bruno Miguel, sem rins, atira a contar para o 3º.
Antes do intervalo a útima nota para o primeiro remate do Leiria ... aos 41 minutos.
Vira o disco e toca o mesmo.
Depois do intervalo o Leiria tenta fazer algo. Pedro Caixinha opera duas substituíções mas quem tem Falcao arrisca-se a marcar em qualquer altura e ao fim de 4 minutos, novo golo do Porto. Após cruzamento de Álvaro, o Colombiano marca numa jogada em que mostra todo o seu instinto de ponta-de-lança, com mais agressividade sobre a bola (uma constante dos jogadores azuis e brancos durante todo o jogo) e antecipando-se ao defesa para marcar de cabeça.
Com 4 golos e ainda muito tempo para jogar, André Villas-Boas começou a gerir o plantel. Tirou Moutinho e Varela, para dar minutos a Sousa e a James Rodriguez que assim se estreou, finalmente, para o campeonato.
Pelo meio mais uma jogada de raça de Falcao que ganhou a bola a um defesa leiriense sobre a linha de fundo e tentou um chapéu em arco que não passou muito longe.
Aos 69 minutos o primeiro remate leiriense que vai à baliza do Porto (finalmente!) que talvez tenha servido de prenúncio para o golo que viria pouco depois na transformação de uma grande penalidade, por Carlão (a castigar falta, bem assinalda, de Fernando).
Mas o (pouco) tónico que este golo poderia dar ao Leiria desvaneceu-se pouco depois com o segundo de Falcão, após uma jogada de tabelas com Hulk (que sairia pouco depois para a ovação). 4 golo na liga, os mesmos de Varela (e Hulk já com 8). Esta sociedade na linha ofensiva já garantiu, no campeonato, 16 dos golos do Porto este ano.
Até ao fim destaque para uma jogada perigosa do Leiria, num cruzamento/remate de Pateiro que quase surpreendia Helton e mais algumas jogadas de perigo do Porto, que poderia ter aumentado a contagem. O excesso de individualismo (perceptível dado o resultado) primeiro de Fucile, depois de Álvaro impediu que o Leiria saisse do Dragão com um resultado ainda mais pesado.
5-1 foi resultado final.
Aparte final:
O futebol não é só técnica e táctica, é também moral. Veja-se o exemplo recente de um jogador com moral renascida - Hélder Postiga - capaz do melhor quando está moralizado e de desaparecer dos jogos quando não o está.
Este é um dos factor que suporta o Porto actual. Com um plantel muito equilibrado, com processos de jogo diferentes dos dos últimos anos, mas com a habitual qualidade técnica e táctica, é uma equipa que se sente confiante. Confiante com o seu jogo, confiante com a forma como aborda o jogo dos adversários e confiante de que é sempre capaz de encontrar o melhor caminho para a baliza adversária.
Outra nota que gostaria de deixar é sobre Ruben Micael.
É um facto que sou um grande apreciador do Argentino Belluschi. É o melhor médio que temos no plantel em termos de remate de meia distância e na marcação de livres. Para além disso tem técnica quanto baste.
No entanto, e pode parecer contraditório, acho que a aposta para o meio campo deveria recaír em Ruben.
Primeiro porque é um jogador que já mostrou que tem um espírito de entrega à Porto.
Depois porque técnica e tacticamente não há nada a apontar-lhe (sendo até, talvez, mais forte no último passe do que o "Samurai"). Se o Argentino é mais 10, o Madeirense é mais 8.
Por último, porque penso que também a Selecção Nacional poderia ter a ganhar com uma maior "rodagem" da dupla Moutinho-Micael.
De qualquer maneira, a titular ou a suplente, o Madeirense voltou a mostrar hoje que é um jogador com quem se pode contar. E que bom é poder contar com jogadores assim.
O Porto continua líder, incontestado e incontestável. Joga bem, ganha bem e apresenta-se num nível que já não via há algum tempo. Veremos quanto tempo esta equipa consegue manter esta forma. Este será, talvez, o maior desafio de André Villas-Boas.
Até Breve!
2 comentários:
Boa análise Daniel. Confesso que não vi o jogo com muita atenção, mas na generalidade da análise concordo contigo, não só pelo que vi, mas pelo que ouvi.
O Porto está muito forte, confiante e difícil de parar. Os jogadores estão em forma, pressionam bem e falham pouco na concretização. O que se pode pedir mais? Vocês, portistas, apenas podem pedir continuidade. Eu, enquanto Benfiquista, resta-me esperar que o Benfica continue a vencer e, no que diz respeito ao nível que o Porto apresenta... resta-me encolher os ombros.
Contudo, há muitas partes que ultimamente acabam os jogos a sentir que podiam ter feito muito melhor. É pelo menos a quarta vez que oiço um treinador que defrontou o Porto a dizer que a sua equipa o desiludiu e que esperava mais dos jogadores... mérito do Porto? Muito provavelmente. Má preparação do jogo por parte dos adversários? Muito provavelmente.
Será que os adversários não estudam o Porto? Só digo isto porque o ano passado vi 3 ou 4 jogos seguidos de uma equipa que massacrava e goleava, até que chegou uma altura que os adversários começaram a dificultar a vida a essa equipa. Entenderam os processos da equipa, bloquearam as pedras principais, distribuíram fruta 90 minutos sem parar e o anti-jogo era o prato principal... Este comportamento não fez com que essa equipa deixasse de ganhar, mas obrigou os jogadores a darem o litro para conquistarem os 3 pontos.
Este ano, salvo raras excepções não vi nenhum adversário do Porto em que se notasse que "o Porto estava estudado ao detalhe".
Adiante...o Hulk está numa forma extraordinária, é forte fisicamente, rápido e difícil de parar... é actualmente o jogador em melhor forma e que mais decide no campeonato.
O ano passado havia três jogadores numa forma brilhante: Um argentino que veio para Portugal ganhar a reforma, outro argentino que era um brinca na areia (hoje é fantástico), e um queniano caríssimo... Dava pena ver esses jogadores a jogar, não pela qualidade que demonstravam mas pela quantidade de porrada que levavam todo o santo jogo....
Este ano ouvi dizer que era proibido fazer faltas. O HULK Voa, inatingível...e depois esmaga.
Tenho pena do que aconteceu nas 4 primeiras jornadas do campeonato, caso contrário, e embora o Porto esteja a jogar infinitamente melhor que o Benfica, teríamos aqui um belo campeonato.
Assim, está complicado, mas eu acredito.
Abraço Daniel e Parabéns pela vitória.
Palhaçada de jogo. O fcp não precisa destes favores com a equipa que tem. vergonha.
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